A vida cotidiana no Antigo Egito revelada por 18.000 ostraca
Descoberta de cadernos antigos
Arqueólogos que escavam a antiga cidade egípcia de Athribis encontraram uma descoberta notável: mais de 18.000 ostraca, cacos de cerâmica inscritos que serviam como “cadernos de notas” para os habitantes da cidade. Esses fragmentos, que vão desde listas de compras a registros comerciais e trabalhos escolares, oferecem uma visão sem precedentes da vida cotidiana das pessoas que viviam em Athribis há cerca de 2.000 anos.
Ostraca: uma janela para a vida cotidiana
Os ostraca, conhecidos como “ostraca” em grego, eram uma alternativa mais barata ao papiro, o material de escrita tradicional do antigo Egito. Para inscrever os cacos, os usuários mergulhavam uma palheta ou bastão oco em tinta e raspavam suas mensagens na superfície da cerâmica. Embora a maioria dos ostraca desenterrados em Athribis contenha escrita, a equipe também descobriu ostraca pictóricos representando animais, humanos, figuras geométricas e divindades.
Um tesouro de informações
Os ostraca oferecem uma riqueza de informações sobre vários aspectos da vida no antigo Egito. Eles revelam listas de compras detalhando compras de trigo, pão e outras provisões, indicando as atividades econômicas e hábitos alimentares dos moradores da cidade. Os registros comerciais documentam transações envolvendo bens e serviços, lançando luz sobre as redes comerciais que existiam em Athribis.
Dias de escola no Antigo Egito
Um número significativo de ostraca parece estar ligado a uma escola antiga. Mais de cem apresentam inscrições repetitivas na frente e no verso, sugerindo que os alunos que se comportavam mal eram forçados a escrever linhas como punição, uma prática ainda usada nas escolas hoje. Outros ostraca contêm exercícios de gramática, problemas de aritmética e até mesmo um “alfabeto de pássaros”, onde cada letra era atribuída a um pássaro cujo nome começava com essa letra.
Influências multiculturais
Os ostraca também refletem a história multicultural de Athribis. Cerca de 80% dos fragmentos são escritos em demótico, uma escrita administrativa usada durante o reinado do pai de Cleópatra, Ptolomeu XII. No entanto, grego, hieróglifos, hierático, árabe e copta (um dialeto egípcio escrito no alfabeto grego) também aparecem, demonstrando as diversas influências culturais que moldaram a cidade.
Revelando o passado
A descoberta desses ostraca é um avanço arqueológico significativo que aumentará nossa compreensão da sociedade egípcia antiga. Ao analisar os textos, os pesquisadores esperam obter insights sobre a economia, o comércio, a educação e a vida cotidiana do povo de Athribis durante o final do período ptolemaico e o início do período romano.
Explorando estruturas antigas
Os ostraca foram encontrados perto de uma série de “edifícios de vários andares com escadas e abóbadas” a oeste do principal local de escavação. Antes desta descoberta, a única coleção comparável de ostraca encontrada no Egito era um esconderijo de escritos médicos desenterrados no assentamento de trabalhadores de Deir el-Medina, perto do Vale dos Reis.
Importância da descoberta
De acordo com Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Ministério Egípcio de Antiguidades, a descoberta dos ostraca é “muito importante” porque lança luz sobre a economia e o comércio em Athribis ao longo da história. “O texto revela as transações financeiras dos habitantes da região, que compravam e vendiam provisões como trigo e pão”, disse ele.
Os ostraca de Athribis oferecem uma fonte única e inestimável de informações sobre a vida egípcia antiga. Ao estudar esses cacos de cerâmica inscritos, os pesquisadores podem reconstruir as experiências diárias, atividades econômicas e práticas educacionais de uma cidade antiga vibrante e diversificada.