Múmias Chinchorro: antigos tesouros enfrentando ameaças modernas
As múmias mais antigas do mundo
Enterradas no deserto do Atacama, no norte do Chile, há quase 7.000 anos, as múmias Chinchorro são a evidência mais antiga conhecida de mumificação artificial. Esses corpos preservados do povo Chinchorro, a primeira cultura conhecida a mumificar seus mortos, se tornaram um só com o terreno, muitas vezes escondidos sob novos empreendimentos e interrompendo projetos de construção.
Um processo único de mumificação
O que diferencia as múmias Chinchorro é seu status social: todos eram mumificados, independentemente da riqueza ou posição familiar. Os Chinchorros não enterravam seus mortos, mas levavam seus corpos mumificados com eles quando se mudavam, como se os mortos os acompanhassem.
Por um tempo, a estratégia de mumificação Chinchorro envolveu a tática da “múmia negra”, em que o cadáver era deixado sem pele ou órgãos internos, restando apenas o esqueleto. Esses ossos eram então cobertos com elaboradas confecções de juncos, peles de leão-marinho, argila, lã de alpaca e perucas de cabelo humano.
Uma expressão artística
Para os Chinchorro, esses corpos mumificados não eram meramente restos preservados, mas obras de arte. Eles não deixaram cerâmica ou outras formas de ferramentas criativas do cotidiano, mas expressaram suas emoções e transformaram seus mortos em verdadeiras obras de arte pré-hispânica.
Um ambiente tóxico
O deserto do Atacama, onde vivia o povo Chinchorro, era um ambiente tóxico devido à alta concentração de arsênio natural no solo e à tinta de manganês usada para decorar as múmias. Isso pode ter contribuído para a taxa de mortalidade excepcionalmente alta entre os Chinchorro.
Ameaças modernas
Apesar de sua idade avançada e status como Patrimônio Mundial da UNESCO, as múmias Chinchorro agora enfrentam novas ameaças. As mudanças climáticas e a falta de um espaço de exposição unificado cobraram seu preço. No entanto, esforços estão em andamento para criar um museu e parque arqueológico Chinchorro dedicado na área.
Um legado para os vivos
Para aqueles que ainda vivem entre as múmias em Arica, viver entre os mortos não é tanto assustador quanto parte de sua vida cotidiana. Eles abraçam a história que os cerca e sentem que é parte de seu legado.
“Sinto que somos a continuação dos Chinchorros”, diz Alfredo Guerrero, morador de Arica. “… Não vou deixar este lugar. Sempre permanecerei, então sempre os visitarei.”
As múmias Chinchorro continuam a cativar e intrigar, lembrando-nos da engenhosidade e resiliência das civilizações antigas e da importância de preservar nosso patrimônio cultural para as gerações vindouras.