Música de bolor limoso: um dueto entre ciência e natureza
Bolor limoso: um organismo único
Os bolores limosos são criaturas fascinantes que desafiam uma classificação fácil. Eles podem se assemelhar a fungos, mas na verdade são amebas, com uma única célula gigante contendo milhões de núcleos. Ao contrário dos fungos, os bolores limosos pertencem ao reino dos protistas, um grupo diversificado de organismos que inclui tudo, desde algas até protozoários.
Apesar de sua aparência incomum, os bolores limosos têm habilidades notáveis. Uma das mais conhecidas é sua capacidade de encontrar o caminho mais eficiente entre dois pontos, uma característica que inspirou os pesquisadores a explorar seu potencial de uso em robótica e sistemas de navegação.
Música biocomputacional: uma nova fronteira
Eduardo Miranda, professor de música por computador e compositor, levou as propriedades únicas do bolor limoso um passo adiante ao criar uma composição musical que apresenta o organismo como um parceiro de dueto. Intitulada “Música biocomputacional”, a peça combina um piano, eletroímãs e o bolor limoso Physarum polycephalum.
A resposta do bolor limoso ao som é capturada usando um biocomputador musical que traduz a energia elétrica gerada por seu movimento em som. Essa tecnologia permite que o bolor limoso forneça uma resposta auditiva à frase musical original de Miranda, acionando eletroímãs que fazem vibrar as cordas do piano.
O dueto: uma colaboração simbiótica
Na apresentação de “Música Biocomputacional”, Miranda e o bolor limoso tocam piano, mas produzem sons diferentes. A execução de Miranda é intencional e deliberada, enquanto a resposta do bolor limoso é orgânica e imprevisível. Isso cria uma experiência musical única e fascinante que confunde a linha entre criatividade humana e não humana.
Aplicações potenciais de biocomputadores
Embora “Música Biocomputacional” seja principalmente um esforço artístico, ela também destaca o potencial dos biocomputadores, que combinam processadores de silício com microorganismos. Esses novos sistemas podem ter uma ampla gama de aplicações além da música, incluindo medicina, monitoramento ambiental e até mesmo exploração espacial.
Uma mudança de paradigma na ciência da computação
Miranda acredita que os biocomputadores representam uma mudança de paradigma na ciência da computação. Ao aproveitar o poder dos organismos vivos, os pesquisadores podem criar novos tipos de computadores que são mais adaptáveis, eficientes e responsivos do que os sistemas tradicionais baseados em silício.
Conclusão
O dueto entre Eduardo Miranda e o bolor limoso Physarum polycephalum é um testemunho do poder da colaboração entre humanos e natureza. Não apenas produz uma experiência musical única e cativante, mas também aponta para as possibilidades emocionantes que estão por vir à medida que exploramos a interseção entre ciência e arte.